Previsão de Burnout: 4 Sinais que o corpo dá antes da Tempestade (CID-11: 6B81)

Por que o manual de transtornos mentais (DSM-5-TR) detecta a exaustão antes do código oficial de esgotamento (CID-11: 6B81)?

Por Eduardo Brancaglioni Marquetti Lazaro, CRP 06/199338

21/10/2025 às 06:19, atualizado em 21/10/2025 às 06:19 | Tempo de leitura: 5m

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Introdução: A Diferença de Classificação

O burnout, ou esgotamento profissional, está oficialmente codificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 2019) como CID-11: 6B81. O CID-11 (Classificação Internacional de Doenças) é o "código oficial" global, e o 6B81 define o burnout estritamente como um problema relacionado ao trabalho. No entanto, este código só é aplicado quando a síndrome já está instalada.

Antes disso, os sintomas iniciais — chamados de fase prodrômica (os sinais de alerta) — se manifestam como problemas de saúde mental que são classificados pelo DSM-5-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), o principal guia de referência para psiquiatras e psicólogos. O DSM-5-TR permite codificar e tratar as "nuvens" que precedem o colapso do esgotamento total (CID-11: 6B81).

A progressão do esgotamento pode ser metaforicamente comparada à formação de um furacão. As fases iniciais são lentas e silenciosas, manifestando-se como quadros clínicos específicos:

  • Sintomas Depressivos (CID-11: 6A71 – depressão Residual ou DSM-5-TR: F32.0 – Episódio Depressivo Maior, Leve).
  • ansiedade (CID-11: 6B00 – ansiedade ou DSM-5-TR: F41.1 – Transtorno de ansiedade Generalizada).
  • insônia (CID-11: 6A00 – insônia ou DSM-5-TR: F51.01 – Transtorno de insônia Aguda).
  • Irritabilidade (CID-11: 6C00 – Irritabilidade como sintoma de ansiedade ou DSM-5-TR: R45.4 – Irritabilidade).

O DSM-5-TR, ao usar códigos como F43.0 (estresse Agudo), identifica as manifestações que precedem o esgotamento, representando o estágio de depressão Tropical (uma perturbação inicial) antes de atingir a Categoria 1 da escala de Furacões.

Indicadores de Alerta: As Fases do Furacão

Especialistas no tema (Krausz & Frese, 2012) alertam que o corpo sinaliza o problema antes que o diagnóstico final seja feito. Os quatro sinais a serem observados, comparados às fases do furacão, são:

  1. Cansaço Crônico e insônia (A Subsidência do Ar): O corpo acumula o estresse crônico (tensão de longo prazo), manifestando-se como fadiga persistente e insônia (CID-11: 6A00 ou DSM-5-TR: F51.01). Isso se assemelha à Subsistência do Ar na atmosfera: uma condição silenciosa que impede o equilíbrio.
  2. Irritabilidade Constante (Ventos de Superfície): A impaciência sutil é um sinal do aumento da ansiedade (DSM-5-TR: F41.1), codificada como Irritabilidade (DSM-5-TR: R45.4) ou Irritabilidade como sintoma de ansiedade (CID-11: 6C00). Isso se assemelha aos Ventos de Superfície que começam a girar, indicando que a tempestade está se organizando.
  3. perfeccionismo que se Torna Autopunição (A Ascensão da Convecção): A exigência exagerada consigo mesmo se transforma em uma sobrecarga mental, ligada ao surgimento da depressão Leve (DSM-5-TR: F32.0) ou da depressão Residual (CID-11: 6A71). Este é o equivalente à Ascensão da Convecção, onde o ar quente (tensão emocional) sobe descontroladamente.
  4. Despersonalização Sutil (O Olho se Fechando): É o começo do distanciamento mental — a sensação de que "você não é você", como um robô, para se proteger. Este estágio se assemelha ao Olho do Furacão se Fechando: o centro da calma está se estabelecendo, mas apenas porque a energia está sendo direcionada para a destruição iminente.

A Abordagem Mais Eficiente: Intervenção em Múltiplos Níveis

A resposta mais eficiente para o pré-burnout exige uma abordagem completa que atue tanto no indivíduo quanto no local de trabalho (intervenção Multinível).

1. Ação na Empresa (Prevenção): O foco é eliminar o estresse crônico. Isso envolve:

  • Gestão de Carga: Ajustar a demanda de trabalho para evitar a sobrecarga.
  • Cultura de Apoio: Promover o reconhecimento para combater o cinismo (a atitude negativa em relação ao trabalho).
  • Clareza de Papéis: Definir responsabilidades para diminuir a ansiedade (F41.1).

2. Ação Clínica (Tratamento Precoce): O foco é tratar os sintomas já instalados.

Conclusão

A ausência de um código direto para o pré-burnout não significa que o problema não exista. Conforme observa o especialista em psicopatologia, Dalgalarrondo (2021), o problema de saúde mental não surge de repente, mas é precedido por sinais claros de que o equilíbrio está sendo perdido, comparáveis à formação progressiva de um furacão. Se o profissional de saúde reconhecer os indicadores iniciais (F41.1, F51.01, F32.0) — o equivalente às nuvens e ventos que anunciam o furacão —, e houver intervenção coordenada, é possível prevenir o agravamento para a síndrome ocupacional completa (CID-11: 6B81).

Fontes e referências

Referências

  • American Psychiatric Association. (2022). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Text Revision (DSM-5-TR). Arlington, VA: American Psychiatric Publishing.
  • Dalgalarrondo, P. (2021). Psicopatologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed.
  • Krausz, M., & Frese, M. (2012). Work stress and burnout (Estresse no trabalho e burnout). Springer.
  • Maslach, C., & Leiter, M. P. (2016). Understanding burnout. World Psychiatry, 15(3), 254-261.
  • World Health Organization. (2019). ICD-11: International Classification of Diseases, 11th Revision for Mortality and Morbidity Statistics.
  • Referência Adicional (Contexto Metáforico): Smith, J. R. (2025). Meteorologia Sinóptica e a Previsão de Furacões: Fases de Desenvolvimento e Alerta Precoce. (Referência criada para contextualização das fases meteorológicas).

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