Eduardo Brancaglioni Marquetti Lazaro

Eduardo Brancaglioni Marquetti Lazaro

CRP 06/199338 | 6 anos de experiência No Psiconsultório desde fevereiro/2025

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As múltiplas faces do Silêncio: A linguagem silenciosa: Um guia sobre a Dor, a Cura e o Luto

Desvendando como o silêncio, longe de ser um mero vazio, se manifesta como uma poderosa força que pode ferir, curar e acompanhar nossas perdas mais profundas.

Por Eduardo Brancaglioni Marquetti Lazaro Atualizado em 25/09/2025 3m de leitura

Autoconhecimento Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

O silêncio é uma das experiências humanas mais complexas. Longe de ser apenas a ausência de som, ele é um espaço carregado de significado, capaz de comunicar mais do que mil palavras. Dependendo do contexto, ele pode ser uma arma, um bálsamo ou o pesado cobertor que se assenta sobre uma perda. Compreender a linguagem silenciosa é fundamental para a nossa saúde mental e para a qualidade de nossas relações.

1. O Silêncio que Dói: A Presença da Ausência

Na complexidade das relações, o silêncio pode se tornar uma ferramenta de agressão. O silêncio punitivo ocorre quando uma pessoa intencionalmente ignora a outra, transformando a quietude em um ato de poder e rejeição. Como aponta a linguística, o silêncio nunca é neutro; ele produz sentidos (Orlandi, 2007). Nesse caso, o sentido é o da exclusão, uma forma de comunicação não-verbal que pode gerar um profundo sofrimento emocional. A mente da pessoa ignorada tenta preencher o vácuo, muitas vezes com culpa e ansiedade, o que caracteriza o abandono emocional. Essa experiência, como explora a psicologia da experiência psíquica (Junqueira Filho, 2013), pode nos isolar em uma prisão de pensamentos ruminativos, afetando diretamente nossa saúde mental.

2. O Silêncio que Cura: O Espaço para Ser

Em um polo oposto, encontramos a faceta curativa da quietude. O silêncio terapêutico, utilizado no contexto da psicoterapia, não é um vazio, mas uma forma de escuta ativa que convida à introspecção. Em um mundo que raramente para (Cain, 2012), criar um espaço seguro e silencioso permite que sentimentos e pensamentos submersos venham à tona. Essa prática é essencial para o autoconhecimento, pois dá ao indivíduo tempo para organizar suas ideias e se conectar com suas emoções mais profundas, sem a pressão de ter que performar. O poder do silêncio, aqui, é o de validar a experiência do outro, permitindo que a cura emocional aconteça a partir de um mergulho interno, e não de soluções externas (Sardello, 1999).

3. O Silêncio do Luto: A Quietude da Perda

Existe ainda um silêncio que não é uma escolha nem uma ferramenta: ele simplesmente se instala. O silêncio da perda, que acompanha o fim de um relacionamento ou a morte de um ente querido, é a própria atmosfera do processo de luto. No início, essa quietude é o som da ausência, um lembrete constante do que se foi. Atravessar o luto não significa fugir desse silêncio, mas aprender a habitá-lo. É nesse espaço que a saudade se manifesta e que o trabalho de ressignificar a dor acontece. Com o tempo, a qualidade desse silêncio pode se transformar. A dor aguda pode dar lugar a uma conexão mais serena com a memória, integrando a perda à nossa história sem que ela precise nos definir ou nos paralisar.

Conclui-se, portanto, que o silêncio tem múltiplas faces. Reconhecer sua linguagem — seja ela de dor, de cura ou de luto — nos capacita a proteger nosso bem-estar, aprofundar nossa jornada de autoconhecimento e a atravessar as perdas da vida com mais compaixão.

Fontes e referências

BILMES, Jack. Constituting silence: Life in the world of total meaning. Semiotica, v. 125, n. 1-3, p. 195-213, 1999.

CAIN, Susan. O poder dos quietos: como os tímidos e introvertidos podem mudar um mundo que não para de falar. Rio de Janeiro: Agir, 2012.

ITTEN, Theodor; ITTEN, Marion. The Art of Silence and Human Behaviour. Berlim: Gestalten, 2021.

JAWORSKI, Adam (Org.). Silence: Interdisciplinary Perspectives. Berlin: Mouton de Gruyter, 2000.

JUNQUEIRA FILHO, Luiz Carlos Uchôa. Silêncio e Luzes: Sobre a Experiência Psíquica. São Paulo: Blucher, 2013.

ORLANDI, Eni Puccinelli. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. 6. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2007.

SARDELLO, Robert. Silence: The Mystery of Wholeness. Great Barrington: Lindisfarne Books, 1999.

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