Transtornos de Ansiedade (CID-11: 6B00-6B0Z)

Ansiedade e a perda de controle — A busca por sentido nas classificações da OMS e do DSM-5

Por Suzane Martins Brancaglioni, CRP 06/136222

10/09/2025 às 14:40, atualizado em 05/11/2025 às 19:59

Tempo de leitura: 5m

CID-11 e DSM-5: Ferramentas de classificação da saúde mental (CID-11: 6B00-6B0Z).

A Classificação Internacional de Doenças (CID-11) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) são os dois pilares globais que fornecem a linguagem padronizada para a saúde mental.

A CID-11, de caráter internacional e estatístico, é essencial para o registro global de todas as doenças, incluindo os Transtornos Relacionados à Ansiedade ou ao Medo (códigos 6B00 a 6B0Z).

Ambos os manuais são utilizados pelos profissionais para diferenciar a ansiedade normal de um transtorno crônico e direcionar o tratamento adequado.

Imagem do artigo: Transtornos de Ansiedade (CID-11: 6B00-6B0Z)

O corpo humano tem uma forma peculiar de nos alertar sobre o perigo, e é justamente essa resposta que chamamos de ansiedade — uma companheira que nos impulsiona à ação e à autoproteção.

No entanto, quando essa vigilância se torna excessiva, persistente, e começa a roubar a nossa paz, ela cruza a linha tênue do que é adaptativo.

Ela se instala como um transtorno de ansiedade. A vida deixa de ser vivida no presente e se transforma em uma preocupação constante com o futuro.

Quando o medo se torna crônico, ele exige uma compreensão profunda.

A principal manifestação do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é a preocupação incessante e difícil de dominar.

Essa preocupação se alonga por meses, desgastando o corpo com fadiga e perturbações do sono.

É uma preocupação que se cola à vida e a todos os seus aspectos, afetando diretamente a sua funcionalidade.

Sintomas que Caracterizam o Transtorno de Ansiedade:

A primeira etapa do acolhimento é nomear o sofrimento. As classificações internacionais não são meros rótulos, mas ferramentas éticas para diferenciar as manifestações da ansiedade.

A CID-11 e o DSM-5 fornecem nomes para o medo que aprisiona.

Tipos de Transtornos de Ansiedade (CID-11 e DSM-5):

É um equívoco simplista buscar uma causa única para o transtorno de ansiedade. Ele não é uma falha moral, mas um sintoma que emerge da intrincada teia entre nossa biologia e a nossa história de vida.

Sabemos, pela ciência, que a predisposição genética aumenta a vulnerabilidade.

Alterações em neurotransmissores, como a serotonina e o GABA, desempenham um papel na forma como o nosso cérebro processa o medo.

A amígdala, nossa central de alarme, pode estar em um estado de hiperatividade constante.

Entretanto, o ambiente é a mão que muitas vezes aciona o gatilho. Vivências traumáticas, como perdas, abusos ou acidentes, desorganizam a capacidade psíquica de lidar com o estresse.

O estresse crônico, seja no âmbito profissional ou afetivo, sobrecarrega o nosso sistema de defesa, levando à manifestação dos sintomas.

Se a sua angústia tem se manifestado de forma persistente, iniciar um processo de análise pode ser o caminho para compreender o que está em jogo.

A boa notícia é que, com o diagnóstico e o cuidado adequados, os transtornos de ansiedade são, sim, tratáveis. A reconquista do controle sobre a própria vida é uma realidade.

O tratamento, em sua forma mais integrada e humana, combina a escuta da psicoterapia com o apoio, quando necessário, da farmacoterapia.

A Psicanálise, por exemplo, não se detém apenas na extinção dos sintomas, mas busca o sentido por trás deles. O que a ansiedade está tentando me dizer? Que desejo ou medo está silenciado?

É no espaço da palavra que a dor se transforma em narrativa, permitindo que a angústia seja metabolizada e compreendida em sua origem.

Outras abordagens, como a TCC, auxiliam o indivíduo a flexibilizar os pensamentos disfuncionais que sustentam o medo.

Paralelamente, a farmacoterapia, prescrita e monitorada por um psiquiatra, é um suporte valioso.

A gestão do cuidado passa pelo estilo de vida: a atenção ao sono, a prática de atividades físicas e a manutenção de laços sociais fortes.

A ansiedade raramente caminha sozinha. É comum que ela coexista com a depressão ou com transtornos por uso de substâncias, o que sublinha a necessidade de um olhar clínico que seja integrado.

É no reconhecimento desse quadro que reside a força para a transformação.

Referências

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5). 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Classificação internacional de doenças (CID-11). Disponível em: https://icd.who.int/en.

Photo by İbrahim Halil Ölmez: https://www.pexels.com/photo/woman-in-emotional-distress-holding-head-29965352/

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Foto do profissional Suzane Martins Brancaglioni

Suzane Martins Brancaglioni Psicóloga com Foco na Psicanálise para Ansiedade, Angústia e Morte e Luto

CRP 06/136222
Mogi das Cruzes - São Paulo / SP

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