Suzane Martins Brancaglioni

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O Que é o Transtorno de Insônia? (CID-11: 6A01.0)

Uma Análise Detalhada das Causas, Diagnóstico e Tratamento

Por Suzane Martins Brancaglioni | Atualizado em 18/09/2025 | 7m

Insônia Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

O Transtorno de Insônia é um dos distúrbios do sono mais comuns e debilitantes. Diferente de uma noite mal dormida ocasional, ele é uma condição clínica séria, que afeta a capacidade de uma pessoa adormecer, permanecer dormindo ou acordar cedo demais e não conseguir voltar a dormir. A insônia não é apenas uma inconveniência, mas um problema de saúde que impacta a energia, o humor, a concentração e o desempenho no dia a dia. A falta crônica de sono pode levar a problemas de saúde mais graves, como doenças cardiovasculares, diabetes e transtornos mentais.

1. O Que é o Transtorno de Insônia? (CID-11: 6A01.0)

O Transtorno de Insônia é um diagnóstico formal que se baseia em critérios específicos estabelecidos por manuais de referência internacional. Ele é definido como uma insatisfação persistente com a quantidade ou a qualidade do sono.

  • Critérios Diagnósticos (CID-11 e DSM-5):
    • Dificuldade de iniciar o sono: Ter problemas para adormecer no início da noite.
    • Dificuldade de manter o sono: Acordar várias vezes durante a noite e ter problemas para voltar a dormir.
    • Despertar precoce: Acordar muito mais cedo do que o desejado e ser incapaz de voltar a dormir.
  • Frequência e Duração: Para que a insônia seja considerada um transtorno, os problemas de sono devem ocorrer por pelo menos três noites por semana e persistir por, no mínimo, três meses. Além disso, a dificuldade em dormir deve causar sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional, acadêmico ou em outras áreas importantes da vida.
  • Tipo de Insônia:
    • Insônia Aguda (de curto prazo): Dura menos de três meses e geralmente é causada por um estressor recente (ex.: perda de emprego, luto, um exame importante). Costuma se resolver quando o estressor desaparece.
    • Insônia Crônica (de longo prazo): Persiste por três meses ou mais. É a forma que se enquadra no Transtorno de Insônia.

 

2. Causas e Fatores de Risco

O transtorno de insônia é multifatorial, e sua origem é uma combinação complexa de fatores fisiológicos, psicológicos e ambientais.

2.1. Fatores Psicológicos e Emocionais

  • Estresse e Ansiedade: A preocupação excessiva e a ruminação (pensamentos repetitivos) ativam o sistema de alerta do corpo, dificultando o relaxamento e o sono. O estresse crônico libera o cortisol, um hormônio que impede o sono. A ansiedade crônica também mantém o corpo em um estado de "luta ou fuga", que é incompatível com o sono.
  • Depressão: A insônia é um sintoma cardinal da depressão. A perda de interesse e de energia, juntamente com o sentimento de desesperança, podem causar tanto a insônia quanto a hipersonia (excesso de sono).
  • Transtornos de Humor: Transtornos como o bipolar podem causar episódios de insônia intensa, especialmente durante a fase de mania ou hipomania.

2.2. Fatores Fisiológicos e Médicos

  • Problemas de Saúde: Dores crônicas (artrite, fibromialgia), problemas respiratórios (apneia do sono, asma), doenças neurológicas (Parkinson, Alzheimer) e problemas gastrointestinais (refluxo) podem interromper o sono.
  • Condições Hormonais: Flutuações hormonais, como as que ocorrem durante o ciclo menstrual, a gravidez ou a menopausa, podem afetar a qualidade do sono.
  • Medicamentos e Substâncias:
    • Medicamentos: Certos antidepressivos, estimulantes, medicamentos para pressão alta e para tireoide podem ter a insônia como efeito colateral.
    • Substâncias: O uso de cafeína, álcool e nicotina, especialmente perto da hora de dormir, afeta o ciclo do sono. O álcool, embora possa dar a sensação de sonolência, fragmenta o sono durante a noite.

2.3. Fatores Comportamentais e Ambientais

  • Higiene do Sono Inadequada: A falta de uma rotina regular de sono é uma das principais causas da insônia. Horários irregulares para deitar e acordar desregulam o nosso relógio biológico.
  • Ambiente do Quarto: Um quarto que não é escuro, silencioso e fresco pode dificultar o sono. O uso de camas para atividades não relacionadas ao sono, como assistir TV ou trabalhar, pode confundir o cérebro.
  • Exposição à Luz Azul: A luz emitida por telas de celulares, tablets e computadores inibe a produção de melatonina, o hormônio do sono, tornando mais difícil adormecer.
  • Cochilos Irregulares: Cochilos longos ou tardios podem desregular o ciclo circadiano, prejudicando o sono noturno.

3. Diagnóstico e Avaliação

O diagnóstico de Transtorno de Insônia é feito por um médico ou um especialista em sono. A avaliação é baseada no histórico de sono do paciente e, em alguns casos, em exames mais específicos.

  • Diário do Sono: O paciente é solicitado a registrar seu padrão de sono por uma ou duas semanas. Isso inclui a hora de deitar, a hora de adormecer, os despertares noturnos e a hora de acordar.
  • Polissonografia: Este exame, realizado em uma clínica do sono, monitora as ondas cerebrais, a respiração, a frequência cardíaca, os movimentos das pernas e dos olhos durante o sono. É útil para descartar outros distúrbios, como a apneia do sono.

4. Tratamento e Gestão

O tratamento do transtorno de insônia é um processo que foca nas causas do problema, não apenas nos sintomas. A abordagem é multidisciplinar e combina terapia, medicamentos e mudanças no estilo de vida.

4.1. Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia (TCC-I)

A TCC-I é considerada a primeira linha de tratamento para a insônia crônica. É uma terapia de curta duração que ensina o paciente a mudar os hábitos e os pensamentos que impedem o sono.

  • Controle de Estímulos: O objetivo é reforçar a conexão entre a cama e o sono. As regras incluem ir para a cama apenas quando se está com sono, usar o quarto apenas para dormir (e para a atividade sexual), e sair da cama se não conseguir dormir em 20 minutos.
  • Restrição do Sono: Limita o tempo na cama para o tempo que a pessoa realmente dorme. Isso aumenta o cansaço e a qualidade do sono. O tempo na cama é gradualmente aumentado à medida que a pessoa melhora.
  • Reestruturação Cognitiva: Ajuda o paciente a identificar e a mudar pensamentos e crenças irracionais sobre o sono. Por exemplo, a crença de que "preciso de 8 horas de sono ou meu dia será um desastre" pode gerar ansiedade e insônia.

4.2. Farmacoterapia

O uso de medicamentos para dormir deve ser feito sob supervisão médica. Os medicamentos são geralmente prescritos para uso a curto prazo, pois podem causar dependência.

  • Benzodiazepínicos e Hipnóticos Não Benzodiazepínicos: São medicamentos que ajudam a induzir o sono.
  • Antidepressivos: Em alguns casos, antidepressivos sedativos podem ser prescritos para tratar a insônia, especialmente se ela estiver associada à depressão ou ansiedade.
  • Melatonina: Suplementos de melatonina podem ser úteis para regular o ciclo do sono, especialmente em casos de jet lag ou trabalho em turnos.

4.3. Mudanças no Estilo de Vida e Hábitos

  • Estabelecer uma Rotina de Sono: Vá para a cama e acorde no mesmo horário todos os dias, incluindo nos fins de semana.
  • Criar um Ambiente Confortável: O quarto deve ser escuro, silencioso, fresco e com uma cama confortável.
  • Evitar Estimulantes: Não consuma cafeína, álcool ou nicotina várias horas antes de dormir.
  • Rotina Relaxante: Crie um ritual de relaxamento antes de dormir, como ler, tomar um banho quente ou meditar.
  • Exercício Físico: A atividade física regular ajuda a melhorar a qualidade do sono, mas evite exercícios intensos perto da hora de dormir.

5. Conclusão

O Transtorno de Insônia é um problema de saúde legítimo que requer atenção e tratamento. As causas são complexas e podem variar de pessoa para pessoa, envolvendo aspectos emocionais, físicos e ambientais. Com o diagnóstico correto e uma abordagem de tratamento baseada na ciência, como a TCC-I e a terapia com medicamentos, é possível restaurar a qualidade do sono e recuperar o bem-estar físico e mental. A falta de sono crônica não deve ser ignorada, e a busca por ajuda profissional é o passo mais importante para uma vida mais saudável e produtiva.

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O diagnóstico e o laudo médico são emitidos apenas por um psiquiatra. Um psicólogo pode trabalhar com a hipótese diagnóstica, uma ferramenta crucial para a terapia. Em nosso site, você encontra profissionais especialistas em ajudar a compreender o que você sente e a iniciar um tratamento em conjunto, colaborando para o seu bem-estar.

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Fontes e referências

Organização Mundial da Saúde (OMS): CID-11 - International Classification of Diseases 11th Edition. 6A01.0 - Transtorno de Insônia Crônica.

American Psychiatric Association (APA): DSM-5-TR - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª Edição, Texto Revisado.

National Sleep Foundation (EUA): Organização que pesquisa e fornece informações sobre sono.

Associação Brasileira do Sono (ABS): Informações e diretrizes sobre transtornos do sono no Brasil.

Foto de SHVETS production: https://www.pexels.com/pt-br/foto/homem-deitando-se-inquieto-invertido-8416435/

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