O trabalho psicanalítico frente à ansiedade, à angústia, à morte e ao luto

Um guia para te ajudar a atravessar o sofrimento

Por Suzane Martins Brancaglioni, CRP 06/136222

04/11/2025 às 12:12, atualizado em 04/11/2025 às 14:50

Tempo de leitura: 3m

Como psicóloga com experiência na abordagem psicanalítica, sei que a jornada humana é constantemente marcada por um misto de prazer e dor. Entre as dores mais universais e desorganizadoras estão a ansiedade e a angústia. O olhar psicanalítico que adoto não as vê como meros sintomas a serem apagados, mas como sinais cruciais de que algo importante em nosso mundo interno precisa ser olhado e compreendido.

Eu considero fundamental a distinção entre esses dois afetos para o início de qualquer processo de alívio:

O nosso trabalho na sessão, que é realizado no conforto do espaço virtual, é transformar esse grito mudo da angústia em palavras e pensamentos. É um convite para você entender o que a sua história, as suas perdas passadas e os seus conflitos internos estão sinalizando através dessa aflição.

Essa falta de controle, que gera angústia, se manifesta de forma mais aguda quando nos deparamos com a morte e o luto. A perda de alguém ou de algo significativo (um emprego, um papel social, um projeto de vida) nos impõe um trauma, um vazio no nosso mundo.

Imagem do artigo: O trabalho psicanalítico frente à ansiedade, à angústia, à morte e ao luto

Como profissional da psicanálise, sei que o luto não é uma doença a ser curada, mas um trabalho psíquico inevitável. Não é um estado passivo, mas uma intensa atividade interna que exige tempo e energia. O que fazemos durante o luto é, lentamente e com muita dor, desfazer os laços que ligavam a nossa energia afetiva (libido) ao que foi perdido. O objetivo não é apagar a memória, mas encontrar uma forma de guardar a lembrança e a importância do que se foi, enquanto a vida, e a capacidade de desejar, podem continuar.

Quando esse trabalho não é realizado ou é interrompido, surge o risco da melancolia. Se no luto a dor se dirige à perda do outro, na melancolia ela se volta contra o próprio sujeito. A pessoa se identifica com o objeto perdido, sente-se culpada, inútil, como se ela própria fosse a perda. É nesse ponto que a intervenção psicanalítica se torna vital, ajudando a pessoa a se desidentificar dessa dor destrutiva e a recuperar a capacidade de se amar.

O analista, nesse processo, é o testemunho paciente. Ele oferece o tempo e o espaço para que a pessoa possa elaborar a dor sem pressão, sem a obrigação de "superar" rapidamente. É uma presença que acolhe o sofrimento em sua totalidade, permitindo que a fala transforme a angústia e o vazio em um novo sentido para a vida que segue.

Referências

Freud, S. (2010). Luto e Melancolia (1917). Obras completas. (P. C. de Souza, Trad.). Companhia das Letras.

Freud, S. (2014). Inibição, Sintoma e Angústia (1926). Obras completas. (P. C. de Souza, Trad.). Companhia das Letras.

Lacan, J. (2005). O seminário, livro 10: A angústia (1962–1963). Jorge Zahar Editor.

Foto de Karola G: https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoa-sentado-segurando-holding-8532801/

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Suzane Martins Brancaglioni Psicóloga com Foco na Psicanálise para Ansiedade, Angústia e Morte e Luto

CRP 06/136222
Mogi das Cruzes - São Paulo / SP

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