Suzane Martins Brancaglioni

Suzane Martins Brancaglioni

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Sou psicóloga e escrevo aqui no Psiconsultório. Com base na Psicanálise, te guio em um espaço de confiança para explorar emoções, entender angústias e redescobrir sua força interior.

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Ciúme

Entendendo as Causas de uma Emoção Humana Complexa

Por Suzane Martins Brancaglioni | Atualizado em 18/09/2025 | 5m

Ciúme Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

O ciúme é uma emoção complexa e universal, que pode variar de um sentimento leve de insegurança a um estado obsessivo e debilitante. Embora seja frequentemente associado a relacionamentos românticos, ele também pode ocorrer em contextos de amizade, família ou no ambiente profissional. A compreensão do ciúme como um termômetro para inseguranças mais profundas é o primeiro passo para gerenciá-lo de forma saudável. As causas do ciúme são uma combinação complexa de fatores biológicos, psicológicos e sociais.

1. A Natureza do Ciúme

O ciúme não é uma emoção única, mas sim uma reação emocional complexa que surge da percepção de uma ameaça a algo que a pessoa valoriza, como a exclusividade de um relacionamento ou a atenção de alguém. Essa reação é composta por uma mistura de sentimentos que podem se manifestar de forma simultânea.

A principal emoção por trás do ciúme é o medo de perder o que se tem. Esse medo é frequentemente acompanhado por uma profunda insegurança pessoal e uma baixa autoestima, onde a pessoa acredita que não é digna de amor ou que a outra pessoa pode encontrar algo "melhor" a qualquer momento. Além disso, o ciúme pode gerar raiva, que surge da percepção de uma injustiça ou traição, e tristeza, que é o resultado da possibilidade de perda.

2. Causas e Fatores de Risco do Ciúme

O ciúme não surge do nada. Ele é moldado por uma série de fatores internos e externos que, quando combinados, podem criar um padrão de comportamento irracional e doloroso.

  • Insegurança Pessoal e Baixa Autoestima: A causa mais comum do ciúme é a falta de autoconfiança. Pessoas que não se sentem seguras sobre si mesmas tendem a projetar essa insegurança nos relacionamentos, assumindo que a ameaça externa é real, quando na verdade ela reflete um medo interno.
  • Experiências na Infância: As experiências de vida na primeira infância têm um impacto profundo no desenvolvimento de padrões de apego.
    • Apego Inseguro: Crianças que não tiveram suas necessidades emocionais atendidas de forma consistente por seus cuidadores podem desenvolver um padrão de apego inseguro, tornando-se mais propensas ao ciúme na vida adulta. Elas têm um medo constante de abandono e sentem que precisam lutar para serem amadas o suficiente.
    • Perda ou Traição: Experiências de perda ou traição na infância podem criar uma desconfiança crônica, que se manifesta como ciúme em relacionamentos futuros.
  • Transtornos Psicológicos: Em alguns casos, o ciúme pode ser um sintoma de um transtorno mental.
    • Transtorno de Personalidade Borderline: O medo de abandono e a instabilidade emocional podem levar a crises intensas de ciúme, onde a pessoa oscila entre a idealização e a desvalorização do parceiro.
    • Transtorno de Ansiedade Generalizada: A preocupação excessiva e crônica pode se manifestar como um ciúme constante e irracional, onde a pessoa cria cenários negativos em sua mente sem ter uma base real.
    • Transtorno Delirante: Em casos extremos e raros, o ciúme pode ser um sintoma de um transtorno delirante (ciúme patológico), onde a pessoa tem uma crença fixa e irracional de que está sendo traída, mesmo sem qualquer evidência.

3. O Ciúme Retroativo: Uma Batalha com o Passado

O ciúme retroativo é um tipo específico de ciúme que não se baseia em uma ameaça no presente, mas sim em uma obsessão com o passado do parceiro.

O ciúme retroativo é o desconforto ou a insegurança em relação aos relacionamentos, experiências ou ao histórico amoroso e sexual do parceiro antes de vocês estarem juntos. A pessoa que sente esse tipo de ciúme pode se sentir ameaçada por "fantasmas do passado" e leva a pensamentos intrusivos e perguntas compulsivas sobre os ex-parceiros, o que causa um grande sofrimento. O principal fator do ciúme retroativo é a sensação de não ser "bom o suficiente" ou de que o parceiro teve experiências melhores no passado. Em alguns casos, o ciúme retroativo pode ser um sintoma do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) de ciúme, onde a pessoa tem pensamentos obsessivos e intrusivos sobre o passado do parceiro.

4. Gerenciando o Ciúme de Forma Saudável

O ciúme é uma emoção que pode ser gerenciada, mas isso exige autoconhecimento, esforço e, em muitos casos, ajuda profissional.

  • Foco no Autoconhecimento: Entender a origem de seu ciúme é o primeiro passo para a mudança. Em vez de focar na outra pessoa, concentre-se em si mesmo. Pergunte-se de onde vêm suas inseguranças e o que você pode fazer para fortalecê-las.
  • Comunicação Assertiva: Evite acusar seu parceiro. Em vez de dizer "Você está me traindo!", expresse seus sentimentos de forma honesta e tranquila: “Eu me sinto inseguro quando você…” Essa abordagem permite que o diálogo seja sobre suas emoções, e não sobre o comportamento do outro.
  • Invista em Autodesenvolvimento: Quando sua autoestima é construída com base em suas próprias conquistas, hobbies, amizades e carreira, você se torna menos dependente da validação de outra pessoa. Fortalecer seu senso de valor próprio é uma das formas mais eficazes de combater a insegurança.
  • Terapia: Se o ciúme for crônico, irracional e estiver causando sofrimento ou prejuízo em seus relacionamentos, procure a ajuda de um profissional. Um terapeuta pode te ajudar a explorar as raízes do ciúme e a desenvolver estratégias saudáveis para lidar com ele, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC).

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O diagnóstico e o laudo médico são emitidos apenas por um psiquiatra. Um psicólogo pode trabalhar com a hipótese diagnóstica, uma ferramenta crucial para a terapia. Em nosso site, você encontra profissionais especialistas em ajudar a compreender o que você sente e a iniciar um tratamento em conjunto, colaborando para o seu bem-estar.

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Fontes e referências

Psicologia Evolucionista: Explica o ciúme como um mecanismo de sobrevivência e reprodução.

Teorias do Apego: As ideias de John Bowlby e Mary Ainsworth sobre como as experiências na infância influenciam os relacionamentos na vida adulta.

Psicologia Clínica: O ciúme é analisado como um sintoma ou traço de transtornos psicológicos, conforme descrito em manuais como o DSM-5 e a CID-11.

Livros de Psicologia Relacional: Obras que exploram a dinâmica de poder, insegurança e comunicação em relacionamentos.

Foto de cottonbro studio: https://www.pexels.com/pt-br/foto/mulher-cama-leito-olhando-7351140/

Se você estiver em crise e precisar de ajuda imediata, procure o hospital mais próximo ou ligue para o CVV no 188 ou acesse www.cvv.org.br. O atendimento é gratuito, 24h.